segunda-feira, 3 de junho de 2013

O Maior dos Ladrões



Já foi dito pelo Divino Mestre que, se um homem soubesse a que horas o ladrão chegaria a sua casa, esse homem se prepararia e não permitiria que seu lar fosse arrombado, e seus bens, minados. O mesmo acontece com quem está prestes a cair de amores por alguém. Porque, no fim das contas, o amor não passa de um ladrão.
 Chega sem aviso em nossas vidas, sorrateiro, traiçoeiro, imbatível. Para ele não há portas intransponíveis nem janelas que não possam ser abertas, tampouco corações hermeticamente fechados. Para ele não há fechaduras infalivelmente trancadas; ele simplesmente abre a porta que desejar e entra.
Pega você desprevenido e te faz refém. Torna seu coração irremediavelmente cativo. Rouba seu chão, seu ar, suas certezas, suas convicções inabaláveis. Põe abaixo toda e qualquer inexpugnável defesa que você tenha construído ao redor do seu coração machucado. Invade seu refúgio, onde você sobrevive achando que cada dia é apenas mais um dia, e que nem todo mundo precisa de alguém ao lado para ser feliz. Não há como resistir, não há como lutar, nem evitar.
No fim ele sempre vence. Rouba sua aparente serenidade, sua segurança, sua calma em escolher as palavras. Leva embora tudo o que você tinha planejado dizer, deixando apenas o frio na barriga e a voz travada na garganta.  Bagunça seus pensamentos e te obriga a enfrentar seus maiores medos. Ele é o tipo de ladrão que te rouba o pára-quedas e te empurra porta afora de um avião em pleno vôo, fazendo com que você caia rezando para criar asas antes de atingir o chão.
Talvez seja o mais perigoso dos ladrões, porque pode te assaltar em qualquer lugar: uma multidão, uma fila de banco, um ponto de ônibus, uma banca de jornal, um banco de praça, uma sala de espera de hospital. Pode te achar e te tocar onde, quando, como e com quem for. Um elemento de alta periculosidade contra quem nunca estamos concretamente seguros.
Por vezes sinto uma ligeira pontada de inveja das pessoas que se aventuram mais quando abordadas por esse ladrão que odiamos amar, ou amamos odiar. Porque, no fim das contas, ele é o tempero, o sentido, o fim último de todos os caminhos e o definitivo ponto de chegada de todos os viajantes.   
Por isso, desative seus alarmes interiores, desligue as cercas elétricas que muram seu coração e aja com menos desconfiança para com esse etéreo e querido invasor chamado amor. Faça isso e saiba que, assim que o maior dos ladrões sair pela janela do seu coração, a felicidade há de entrar pela porta do mesmo.

Danilo Alex


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