sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Receita de Ano Novo




Para você ganhar belíssimo Ano Novo 

cor do arco-íris, ou da cor da sua paz, 

Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido 
(mal vivido talvez ou sem sentido) 
para você ganhar um ano 
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, 
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser; 
novo 
até no coração das coisas menos percebidas 
(a começar pelo seu interior) 
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota, 
mas com ele se come, se passeia, 
se ama, se compreende, se trabalha, 
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita, 
não precisa expedir nem receber mensagens 
(planta recebe mensagens? 
passa telegramas?) 

Não precisa 
fazer lista de boas intenções 
para arquivá-las na gaveta. 
Não precisa chorar arrependido 
pelas besteiras consumadas 
nem parvamente acreditar 
que por decreto de esperança 
a partir de janeiro as coisas mudem 
e seja tudo claridade, recompensa, 
justiça entre os homens e as nações, 
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, 
direitos respeitados, começando 
pelo direito augusto de viver. 

Para ganhar um Ano Novo 
que mereça este nome, 
você, meu caro, tem de merecê-lo, 
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, 
mas tente, experimente, consciente. 
É dentro de você que o Ano Novo 
cochila e espera desde sempre.


                                                                      Carlos Drummond de Andrade


  "Jamais haverá ano novo, se continuarmos a copiar os erros do ano velho." 
                                                                                         Camões

                                                                          

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

O Homem nu

Ao acordar, disse para a mulher:

— Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a prestação da televisão, vem aí o sujeito com a conta, na certa. Mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da cidade, estou a nenhum.
— Explique isso ao homem — ponderou a mulher.
— Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto de cumprir rigorosamente as minhas obrigações. Escuta: quando ele vier a gente fica quieto aqui dentro, não faz barulho, para ele pensar que não tem ninguém. Deixa ele bater até cansar — amanhã eu pago.
Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao banheiro para tomar um banho, mas a mulher já se trancara lá dentro. Enquanto esperava, resolveu fazer um café. Pôs a água a ferver e abriu a porta de serviço para apanhar o pão. Como estivesse completamente nu, olhou com cautela para um lado e para outro antes de arriscar-se a dar dois passos até o embrulhinho deixado pelo padeiro sobre o mármore do parapeito. Ainda era muito cedo, não poderia aparecer ninguém. Mal seus dedos, porém, tocavam o pão, a porta atrás de si fechou-se com estrondo, impulsionada pelo vento.
Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e, depois de tocá-la, ficou à espera, olhando ansiosamente ao redor. Ouviu lá dentro o ruído da água do chuveiro interromper-se de súbito, mas ninguém veio abrir. Na certa a mulher pensava que já era o sujeito da televisão. Bateu com o nó dos dedos:
— Maria! Abre aí, Maria. Sou eu — chamou, em voz baixa.
Quanto mais batia, mais silêncio fazia lá dentro.
Enquanto isso, ouvia lá embaixo a porta do elevador fechar-se, viu o ponteiro subir lentamente os andares... Desta vez, era o homem da televisão!
Não era. Refugiado no lanço da escada entre os andares, esperou que o elevador passasse, e voltou para a porta de seu apartamento, sempre a segurar nas mãos nervosas o embrulho de pão:
— Maria, por favor! Sou eu!

Desta vez não teve tempo de insistir: ouviu passos na escada, lentos, regulares, vindos lá de baixo... Tomado de pânico, olhou ao redor, fazendo uma pirueta, e assim despido, embrulho na mão, parecia executar um ballet grotesco e mal ensaiado. Os passos na escada se aproximavam, e ele sem onde se esconder. Correu para o elevador, apertou o botão. Foi o tempo de abrir a porta e entrar, e a empregada passava, vagarosa, encetando a subida de mais um lanço de escada. Ele respirou aliviado, enxugando o suor da testa com o embrulho do pão.
Mas eis que a porta interna do elevador se fecha e ele começa a descer.
— Ah, isso é que não! — fez o homem nu, sobressaltado.
E agora? Alguém lá embaixo abriria a porta do elevador e daria com ele ali, em pêlo, podia mesmo ser algum vizinho conhecido... Percebeu, desorientado, que estava sendo levado cada vez para mais longe de seu apartamento, começava a viver um verdadeiro pesadelo de Kafka, instaurava-se naquele momento o mais autêntico e desvairado Regime do Terror!
— Isso é que não — repetiu, furioso.
Agarrou-se à porta do elevador e abriu-a com força entre os andares, obrigando-o a parar. Respirou fundo, fechando os olhos, para ter a momentânea ilusão de que sonhava. Depois experimentou apertar o botão do seu andar. Lá embaixo continuavam a chamar o elevador. Antes de mais nada: "Emergência: parar". Muito bem. E agora? Iria subir ou descer? Com cautela desligou a parada de emergência, largou a porta, enquanto insistia em fazer o elevador subir. O elevador subiu.
— Maria! Abre esta porta! — gritava, desta vez esmurrando a porta, já sem nenhuma cautela. Ouviu que outra porta se abria atrás de si.
Voltou-se, acuado, apoiando o traseiro no batente e tentando inutilmente cobrir-se com o embrulho de pão. Era a velha do apartamento vizinho:
— Bom dia, minha senhora — disse ele, confuso. — Imagine que eu...
A velha, estarrecida, atirou os braços para cima, soltou um grito:
— Valha-me Deus! O padeiro está nu!
E correu ao telefone para chamar a radiopatrulha:
— Tem um homem pelado aqui na porta!
Outros vizinhos, ouvindo a gritaria, vieram ver o que se passava:
— É um tarado!
— Olha, que horror!
— Não olha não! Já pra dentro, minha filha!
Maria, a esposa do infeliz, abriu finalmente a porta para ver o que era. Ele entrou como um foguete e vestiu-se precipitadamente, sem nem se lembrar do banho. Poucos minutos depois, restabelecida a calma lá fora, bateram na porta.
— Deve ser a polícia — disse ele, ainda ofegante, indo abrir.

Não era: era o cobrador da televisão.



                                                                                     Fernando Sabino

                                                                            

Sede




Abriu os olhos amarelos e eles varreram a escuridão ansiosamente. A escuridão era amiga, era a companheira de muito tempo, seu habitat, seu refúgio; na verdade, era ela quem garantia sua existência. Moveu-se lentamente dentro de seu esquife, iniciando o movimento de sair após ter erguido a tampa do mesmo.
 Enquanto seus olhos brilhavam intensamente no escuro, suas narinas se dilataram, como se farejassem a presa. Seus ouvidos captaram o som de água que pingava ali por perto. Uma goteira. Aliás, uma não: várias. Olhando mais uma vez ao redor, percebeu que seu abrigo parecia uma caverna ou algo assim. Sim, aos poucos foi se lembrando, era uma espécie de gruta, uma mina esgotada, que outrora devia ter gerado grandes lucros ao seu proprietário.
Com o fluxo das lembranças viu-se invadido por terrível sentimento de revolta. Como não sentiria revolta, diante de tão grande humilhação? Uma criatura de sua estirpe, criado num dos melhores clãs, puro, vindo direto da linhagem de Drácula, fruto da sétima geração que sucedera o Conde, sendo perseguido como uma raposa, e obrigado a se esconder naquela gruta deprimente, cheirando a mofo... Era lastimável! Na Transilvânia era um nobre respeitado e temido, talvez mais temido que respeitado, mas era!
E agora, isso. E tudo por causa daqueles malditos vermes, a quem chamam de humanos! Insetos insignificantes que desejavam destruí-lo! Como ousavam? Não passavam de poeira, seres desprezíveis que podia esmagar com apenas um de seus punhos, sob o impacto do menor dos poderes que a noite lhe fornecia! Mas eles pagariam por tudo que estavam lhe causando! No momento oportuno ele teria sua vingança. Depois de ficar de pé, bateu com as mãos sobre as roupas de estilo vitoriano, um sobretudo negro cheio de detalhes, com gola alta, punhos de renda e botões dourados. Um sono de mais de meio século com certeza empoeiraria suas roupas! Feito isso, ergueu a cabeça ao ouvir guinchos estridentes, que ecoavam ao longe e vinham ricocheteando pelas úmidas e pedregosas paredes da caverna.  A seguir, ele próprio produziu um som estranho, um chiado sinistro saiu de seus lábios finos e pálidos, apertados contra os caninos brancos e pontiagudos. Segundos depois, em resposta a esse estranho silvo, dezenas de morcegos irromperam na câmara escura onde ele se achava de pé.
Os inúmeros morcegos o cercaram e passaram a voar ao redor dele, envolvidos numa espécie de encantamento, executando uma dança que era, ao mesmo tempo, horrenda e maravilhosa. Embora voassem em círculos a sua volta, não o tocaram, e mesmo sem emitir seus guinchos, que servem para orientá-los, tinham consciência da presença de seu mestre naquele lugar. Tinham atendido prontamente o chamado daquele irmão da noite, que por ser superior a eles, era seu senhor. No meio do turbilhão de asas negras, ele sorriu misteriosamente. Seus olhos chamejaram e uma metamorfose incrível assolou seu corpo pálido. No instante seguinte, era um deles. De sua forma humana, passara a forma de morcego. Ainda assim, eles o cercavam. Houve uma espécie de comunicação entre eles e, pelo visto, um entendimento, pois os morcegos partiram em seguida e ele, batendo também suas asas, os seguiu.
Voaram pela infinidade de largos corredores que formavam o labirinto daquela gruta e saíram por uma brecha natural que havia lá em cima, bem alto, no teto, e por onde também entrava a luz fantasmagórica do luar. Mal saíram e ele sentiu o vento frio e cortante da noite, que veio e acariciou seu pequenino e enrugado corpo metamorfoseado. Uma espécie de alívio se apossou dele. Mais de cinqüenta anos em sono profundo, sem sentir a brisa e os aromas da noite! Ele voava escoltado pelos outros. Soube que era pouco mais de meia-noite. Apenas soube, não precisaram lhe dizer. Ele sabia, era um dos filhos da noite. Juntou-se aos outros e formaram uma imensa revoada de asas negras que encobriu a lua cheia...

 Danilo Alex da Silva (Dezembro de 2009)





Esse texto é um trecho de um conto meu, chamado Sede. Espero que gostem, e que me perdoem o tema gótico, sombrio rs. Na época, mais do que nunca eu andava fascinado por vampiros( vampiros de verdade rsrs), tinha acabado de ler "Drácula" do Bram Stoker, e estava lendo "Entrevista com o vampiro", da Anne Rice, que ainda hoje está entre meus autores prediletos.
No momento estou lendo As Crônicas Vampirescas, da Anne.
Lestat é o cara!

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O Fantasma


                                                                                   



Sou o sonho da tua esperança,
Tua febre que nunca descansa,
O delírio que te há de matar!


                                                             Álvares de Azevedo

                                                                               

                                                    

                                                                                      

Rock and roll: Instrumento do céu ou do inferno?

Segundo os adeptos mais conservadores, rock and roll é um ritmo musical criado exclusivamente para ser adorar ao diabo. Por esse motivo, eles desprezam o rock gospel e o White metal, que é o heavy metal com letras cristãs; um estilo musical que, por sinal, tem se difundido muito no mundo atualmente.
Só para constar, antes de ser expulso do Céu, ainda na condição de anjo de confiança do Senhor, Lúcifer era o grande maestro celeste, o regente das orquestras angelicais, cujo objetivo é louvar o Criador por meio da música. Logo, podemos concluir que o diabo sabe o poder que uma boa música tem.
Na época em que foi criado, o rock surgiu como uma das maiores formas de protesto. Uma de suas principais características é a irreverência, assim como o inconformismo diante da sociedade que sempre caminhou às avessas do que se esperava. Quer algo mais irreverente, mais ousado e mais chamativo do que dizer que se produz música para o diabo, a personificação do mal supremo? Os rockeiros inspiravam suas letras no anjo sombrio que sempre andou na contramão do sistema, o primeiro que ousou desafiar autoridade, que se atreveu a quebrar regras.  Parece ou não estratégia de marketing produzir música para o maior inimigo de Deus e, sobretudo, do homem?
Infelizmente, isso estigmatizou o estilo e seus seguidores. Pense um pouco: qual a imagem que se forma em sua cabeça quando você imagina uma banda de rock and roll? Posso estar enganado (e espero sinceramente estar), mas a maioria das pessoas visualiza um grupo de adolescentes cabeludos, rebeldes, problemáticos, vândalos, usuários de drogas, vestindo roupas inusitadas e trancados em alguma garagem, fazendo um barulho incompreensível e insuportável, cujo objetivo principal é adorar ao capeta.
Sei bem que, ao longo de sua trajetória, muitas bandas de rock têm responsabilidade nessa marginalização do rock. O que me entristece é que ainda hoje as pessoas carreguem esse preconceito, muitas vezes sem conhecer o rock e suas vertentes. E o mais triste é ver esse preconceito enraizado dentro das religiões, nas igrejas. Ministérios de rock gospel não são sempre vistos com bons olhos por líderes religiosos, nem pelas comunidades que participam das igrejas. Nos shows de rock cristão, o ainda escasso público é constituído principalmente por jovens. Pergunto: qual o motivo da discriminação no uso de guitarra dentro da igreja? No livro dos salmos, Davi nos diz para louvar a Deus com diversos instrumentos, sobretudo com a harpa. Ora, a guitarra não pode ser considerada uma harpa mais avançada e popularizada? Existe uma única forma retilínea de se louvar a Deus? Gostaria de lembrar que a reclamação é o louvor ao diabo. Então, de que adianta proibir o rock no ambiente religioso ou se recusar a ouvi-lo, se todos os dias lamentamos, murmuramos, reclamamos? Reclamar da vida equivale a louvar o diabo com um rock and roll profano bem pesado, ao melhor estilo Marylin Manson ou Kiss, por exemplo. Ou seja, evitar rock e não controlar a língua, nada mais é que cair na boa e velha hipocrisia.
Jesus Cristo, imagem do Deus invisível, sempre se mostrou um inconformado com sua realidade, em seu tempo. Suas palavras, divinas palavras, são um perfeito protesto contra a inércia espiritual, a hipocrisia religiosa e a marginalização dos filhos de Deus. Não se assemelha a um grito de protesto rockeiro? Não é à toa que a Sagrada Escritura seja fonte de inspiração para tantas boas canções de rock cristão. Padre Marcelo Rossi diz que o rock é como uma faca; nas mãos de uma criança pode ferir, mas nas mãos de um médico, pode salvar vidas. Portanto, o rock pode sim ser um bom instrumento de evangelização; precisa apenas ser produzido pelas mãos certas, governadas por um coração adorador. Pensemos: a maioria das coisas que Deus criou para o bem do homem, o diabo distorceu e hoje usa a seu favor. Deus criou o sexo para que ele gerasse vida e unisse as pessoas. Daí veio Satã e deformou esse conceito, banalizando a essência do ato sexual, estimulando uma vida sexual desregrada iniciada cada vez mais cedo, que gera a propagação incontrolável de doenças e um alto índice de gravidez precoce. Isso sem mencionar o número de adultérios. Ora, se o rock foi mesmo inventado para o diabo, porque não podemos também reutilizá-lo para o bem, já que o anjo negro vive distorcendo a perfeição das criações divinas?
Difícil de crer que esse estilo musical exista para promover e apoiar o mal. Porém, se esse for mesmo seu objetivo original, vamos reverter a situação: lavemos o rock na água do Santo Espírito, para livrá-lo de suas eventuais impurezas, e vamos tocá-lo em cada esquina, anunciando quão grande é o nome do Senhor! Nossa sociedade acomodada e tradicionalmente hipócrita precisa sentir um choque para ressuscitar, pois Jesus é o único que ressuscita. Não há ressurreição fora Dele. Que as guitarras vibrem, que as baterias sejam tocadas com fúria, para que nossos gritos, amplificados pelos microfones, atinjam os ouvidos de quem precisa ouvir.  Desse modo, como disse o apóstolo Paulo, todo joelho se dobrará no céu, na terra e no inferno ante a menção do nome santo de Jesus Cristo. Aleluia, Amém!

Paz e Rock!

Danilo Alex da Silva


Como eu te amo

"Como se ama o silêncio, a luz, o aroma,
O orvalho numa flor, nos céus a estrela,
No largo mar a sombra de uma vela,
Que lá na extrema do horizonte assoma;

Como se ama o clarão da branca lua,
Da noite na mudez os sons da flauta,
As canções saudosíssimas do nauta,
Quando em mole vaivém a nau flutua,

Como se ama das aves o gemido,
Da noite as sombras e do dia as cores,
Um céu com luzes, um jardim com flores,
Um canto quase em lágrimas sumido;

Como se ama o crepúsculo da aurora,
A mansa viração que o bosque ondeia,
O sussurro da fonte que serpeia,
Uma imagem risonha e sedutora;

Como se ama o calor e a luz querida,
A harmonia, o frescor, os sons, os céus,
Silêncio, e cores, e perfume, e vida,
Os pais e a pátria e a virtude e a Deus:


Assim eu te amo, assim; mais do que podem
Dizer-to os lábios meus, — mais do que vale
Cantar a voz do trovador cansada:
O que é belo, o que é justo, santo e grande
Amo em ti. — Por tudo quanto sofro,
Por quanto já sofri, por quanto ainda
Me resta de sofrer, por tudo eu te amo."

                                                           
                                                          Gonçalves Dias

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Eu creio em Deus







Eu creio em Deus, um Deus amigo, sempre perto, sempre presente.
Creio em Deus, em Sua bondade, em Sua misericórdia e em Suas promessas.
Eu creio em Deus, creio que Ele ri e chora junto comigo.
Eu creio em Deus, mesmo contra todas as probabilidades, ou quando me dizem
Que sou um tolo em crer, porque não existem evidências de que haja um Deus.
Eu creio em Deus, sabendo que Ele existe, porque eu mesmo sou uma evidência de Sua existência.
Eu creio em Deus, ainda que o mundo ao meu redor não se importe, ou não faça mais questão de manter a fé.
Eu creio em Deus. Isso não me torna uma pessoa melhor ou pior que ninguém.
No entanto, faz de mim alguém extremamente feliz.

Danilo Alex da Silva 
27/12/10


"Eu admiro o homem simples que na sua ignorância acredita em Deus. Eu tive que estudar muito para isso."
                               Albert Einstein

Meu professor





Meu professor de análise sintática era o tipo do sujeito inexistente.
Um pleonasmo, o principal predicado da sua vida, regular como um paradigma da primeira conjugação.
Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial, ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito assindético de nos torturar com um aposto.
Casou com uma regência.
Foi infeliz.
Era possessivo como um pronome.
E ela era bitransitiva.
Tentou ir para os EUA.
Não deu.

Acharam um artigo indefinido em sua bagagem.
A interjeição do bigode declinava partículas expletivas, conectivos e agentes da passiva, o tempo todo.
Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça.

Paulo Leminski

Algumas palavras do Caçador de Palavras



Olá! Sejam todos bem vindos! Como disse no perfil, sou alguém apaixonado, hipnotizado pelas palavras, caçando-as com obstinação, em busca de palavras que me completem, que me descrevam, que me guiem, que me emocionem. Palavras são capazes de ajudar na formação de mentes, de sociedades, de consciências. Com elas se salva ou se destrói uma vida. Por meio delas, é possível se comunicar com todos, inclusive com Deus. Com elas se pode pintar quadros sem tinta. Por isso gosto tanto delas. 
Convido a você para que, nesse espaço, possamos dividir nossos pensamentos, nossas dúvidas, nossos sentimentos e nossa visão a respeito da vida. Poderemos falar de amigos, de dores, de família, de amores, e de Deus. Podemos falar de muitas coisas que temos, vivemos, ou sentimos, e o veículo de tudo isso será a potente e preciosa palavra, grande ferramenta de comunicação que nos une, nos torna cúmplices
Fique à vontade para concordar ou não com o que estiver escrito aqui, pois assim tenho certeza de que aprenderei muito com cada um de vocês. Desejo que gostem do blog, e que juntos possamos aprender mais sobre o mundo que nos cerca. Pois desse modo, compreenderemos melhor o mundo que existe dentro de nós. 
É uma honra ter vocês nesse meu mundinhos de palavras!

Abraço

Danilo Alex

domingo, 26 de dezembro de 2010

Das Palavras Aéreas



"Ai, palavras, ai, palavras,
Que estranha potência a vossa!
Ai, palavras, ai, palavras,
Sois de vento, ides no vento,
No vento que não retorna,
E, em tão rápida existência, Tudo se forma e transforma!"                                                 Cecília Meireles