terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Rock and roll: Instrumento do céu ou do inferno?

Segundo os adeptos mais conservadores, rock and roll é um ritmo musical criado exclusivamente para ser adorar ao diabo. Por esse motivo, eles desprezam o rock gospel e o White metal, que é o heavy metal com letras cristãs; um estilo musical que, por sinal, tem se difundido muito no mundo atualmente.
Só para constar, antes de ser expulso do Céu, ainda na condição de anjo de confiança do Senhor, Lúcifer era o grande maestro celeste, o regente das orquestras angelicais, cujo objetivo é louvar o Criador por meio da música. Logo, podemos concluir que o diabo sabe o poder que uma boa música tem.
Na época em que foi criado, o rock surgiu como uma das maiores formas de protesto. Uma de suas principais características é a irreverência, assim como o inconformismo diante da sociedade que sempre caminhou às avessas do que se esperava. Quer algo mais irreverente, mais ousado e mais chamativo do que dizer que se produz música para o diabo, a personificação do mal supremo? Os rockeiros inspiravam suas letras no anjo sombrio que sempre andou na contramão do sistema, o primeiro que ousou desafiar autoridade, que se atreveu a quebrar regras.  Parece ou não estratégia de marketing produzir música para o maior inimigo de Deus e, sobretudo, do homem?
Infelizmente, isso estigmatizou o estilo e seus seguidores. Pense um pouco: qual a imagem que se forma em sua cabeça quando você imagina uma banda de rock and roll? Posso estar enganado (e espero sinceramente estar), mas a maioria das pessoas visualiza um grupo de adolescentes cabeludos, rebeldes, problemáticos, vândalos, usuários de drogas, vestindo roupas inusitadas e trancados em alguma garagem, fazendo um barulho incompreensível e insuportável, cujo objetivo principal é adorar ao capeta.
Sei bem que, ao longo de sua trajetória, muitas bandas de rock têm responsabilidade nessa marginalização do rock. O que me entristece é que ainda hoje as pessoas carreguem esse preconceito, muitas vezes sem conhecer o rock e suas vertentes. E o mais triste é ver esse preconceito enraizado dentro das religiões, nas igrejas. Ministérios de rock gospel não são sempre vistos com bons olhos por líderes religiosos, nem pelas comunidades que participam das igrejas. Nos shows de rock cristão, o ainda escasso público é constituído principalmente por jovens. Pergunto: qual o motivo da discriminação no uso de guitarra dentro da igreja? No livro dos salmos, Davi nos diz para louvar a Deus com diversos instrumentos, sobretudo com a harpa. Ora, a guitarra não pode ser considerada uma harpa mais avançada e popularizada? Existe uma única forma retilínea de se louvar a Deus? Gostaria de lembrar que a reclamação é o louvor ao diabo. Então, de que adianta proibir o rock no ambiente religioso ou se recusar a ouvi-lo, se todos os dias lamentamos, murmuramos, reclamamos? Reclamar da vida equivale a louvar o diabo com um rock and roll profano bem pesado, ao melhor estilo Marylin Manson ou Kiss, por exemplo. Ou seja, evitar rock e não controlar a língua, nada mais é que cair na boa e velha hipocrisia.
Jesus Cristo, imagem do Deus invisível, sempre se mostrou um inconformado com sua realidade, em seu tempo. Suas palavras, divinas palavras, são um perfeito protesto contra a inércia espiritual, a hipocrisia religiosa e a marginalização dos filhos de Deus. Não se assemelha a um grito de protesto rockeiro? Não é à toa que a Sagrada Escritura seja fonte de inspiração para tantas boas canções de rock cristão. Padre Marcelo Rossi diz que o rock é como uma faca; nas mãos de uma criança pode ferir, mas nas mãos de um médico, pode salvar vidas. Portanto, o rock pode sim ser um bom instrumento de evangelização; precisa apenas ser produzido pelas mãos certas, governadas por um coração adorador. Pensemos: a maioria das coisas que Deus criou para o bem do homem, o diabo distorceu e hoje usa a seu favor. Deus criou o sexo para que ele gerasse vida e unisse as pessoas. Daí veio Satã e deformou esse conceito, banalizando a essência do ato sexual, estimulando uma vida sexual desregrada iniciada cada vez mais cedo, que gera a propagação incontrolável de doenças e um alto índice de gravidez precoce. Isso sem mencionar o número de adultérios. Ora, se o rock foi mesmo inventado para o diabo, porque não podemos também reutilizá-lo para o bem, já que o anjo negro vive distorcendo a perfeição das criações divinas?
Difícil de crer que esse estilo musical exista para promover e apoiar o mal. Porém, se esse for mesmo seu objetivo original, vamos reverter a situação: lavemos o rock na água do Santo Espírito, para livrá-lo de suas eventuais impurezas, e vamos tocá-lo em cada esquina, anunciando quão grande é o nome do Senhor! Nossa sociedade acomodada e tradicionalmente hipócrita precisa sentir um choque para ressuscitar, pois Jesus é o único que ressuscita. Não há ressurreição fora Dele. Que as guitarras vibrem, que as baterias sejam tocadas com fúria, para que nossos gritos, amplificados pelos microfones, atinjam os ouvidos de quem precisa ouvir.  Desse modo, como disse o apóstolo Paulo, todo joelho se dobrará no céu, na terra e no inferno ante a menção do nome santo de Jesus Cristo. Aleluia, Amém!

Paz e Rock!

Danilo Alex da Silva


2 comentários:

  1. Ler este seu artigo e ficar calada seria fingir que não li, algo tão bem construído com afirmações consideráveis e que precisa ser lido por todas pessoas que criticam e acham que o rock seja o louvor ao diabo.
    Não é preciso que sejam ouvintes ou gostem de rock mas apenas que entendam a importância como qualquer outro tipo de música cristã que engrandece e louca a Deus, e que respeitem quem gosta deste ritmo, para que haja maior integração do rock no cenario nacional.
    Danilo Parabéns pelo seu artigo, grande escritor e músico que és, continue sempre assiM!

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  2. Obrigado, Ligia!
    Fiquei muito feliz com o comentário!
    São pessoas como você que me dão forças para vencermos o preconceito musical!
    Continue sempre assim também!
    Grande abraço.

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