sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Não me culpe...



Não me culpe por querer
Ser mais do que um amigo
Pois, desejar mais do que se pode ter
É algo inerente à natureza humana.

Oh, não me culpe por amar teu jeito,
Amar as covinhas que surgem em teu rosto
A cada vez que um sorriso o ilumina.
Te conhecer me fez saber que anjos sorriem.

Não me culpe por sonhar
Com teus beijos e abraços
Quando a amizade é tudo o que me ofertas.
Meu tolo coração não sabe distinguir sentimentos;
Ele apenas sente, seu pulsar é movido pelo sentir.

Também não me culpe por almejar
Seu carinho, seu toque, seu calor.
Minha gélida alma anseia ser aquecida.
Se vivesse tanto tempo no deserto glacial
Da solidão, você entenderia.

Se quiser culpar alguém,
Culpe a Deus pela perfeição
Com que Ele criou você.
Não fosse isso, eu seria um homem livre,
Livre do teu olhar
E isento de te querer.

Danilo Alex da Silva


domingo, 25 de dezembro de 2011

Uma tarde qualquer

 Nublada. Ar úmido.
É natal.
Vagando pelas ruas ermas do centro da cidade, quase não avisto viventes. Todos estão dentro de suas casas, reunidos com suas famílias, ao redor de mesas fartas, enquanto luzes coloridas piscam nas árvores enfeitadas num canto da sala, cujas bases estão repletas de presentes embrulhados em papéis alegremente coloridos. Risadas alegres enchem o ar, assim como o cheiro do pernil que está sobre a mesa, dourado, convidativo, pronto para ser cortado. Também posso ouvir o tinir das taças de champanhe e o som das caixas de panetone sendo abertas. Um dia típico de natal.
No entanto, para quem está comemorando um aniversário, essas pessoas parecem pouco interessadas no Aniversariante. O Papai Noel e suas renas são aparentemente mais relevantes; é sobre eles que os holofotes hoje estão posicionados. Na manjedoura do presépio, abandonado e esquecido jaz o Menino, teoricamente o verdadeiro motivo da festa. E assim segue a celebração tarde adentro e noite afora.
Eu? Como dizia, vago sozinho pelas ruas desertas do centro da cidade. Tentando ocupar a mente com o som da moto que vibra sob mim, me levando aonde os pensamentos jamais poderiam. O espírito natalino ou qualquer coisa similar há muito exorcizado do meu ser. Dentro do peito trago comigo a angústia de uma paixão recente não correspondida, meu coração destroçado mal pulsa devido um sangramento afetivo. Cicatrizes que nunca se fecham. Sempre as mesmas. Sempre assim.
 Vago pelas ruas pra esquecer a dor. Então, tento mais uma vez conjurar as forças do amor; evocar os bons sentimentos, atrair sobre mim mais uma vez a atenção luminosa do espírito natalino, o mesmo que mandei deliberadamente embora há tempos. Sai em busca de um sinal verdadeiro de que, pelo menos no natal as pessoas se amam, se importam umas com as outras. Vejo então, por uma janela, a cena descrita acima. Mas ainda tenho minhas dúvidas. Afinal, deixaram de lado O Aniversariante, a Pessoa mais importante.
 Então, enquanto piloto, vejo uma senhora sentada sozinha numa praça. É uma moradora de rua. A vejo encolhida, sozinha. Não está vestida com roupas novas e caras, nem degustando panetones ou champanhes. Ela não está comemorando. Não parece sequer feliz. Como alguém ficaria feliz naquelas condições? Ela no frio, passando fome, sozinha, enquanto outros tinham tanto na mesa. Paro e fico a pensar: seria esse o presente que Cristo gostaria de nós de aniversário? Ou será que Ele preferiria que seguíssemos Seus ensinamentos e compartilhássemos o pouco que temos?
Enquanto nossa preocupação estiver em presentes, panetones, árvores de natal, Papai Noel e afins, o Natal nunca passará disso. Será apenas uma tarde qualquer.

Danilo Alex da  Silva




sábado, 24 de dezembro de 2011

Natal de Luz - Voices


"Cada sentimento de alegria e paz
De amor e de esperança
Que o Natal nos traz
É Deus que envolve a Terra
Num clima especial
Mandando a nós presentes de Natal

Vitrines enfeitadas
Brinquedos pelo chão
A cidade iluminada
Nos tira a atenção
Do Deus que é a estrela
A verdadeira luz
Que brilha em nós apenas
Jesus

É Natal, um Feliz Natal
Que o menino Deus seja adorado em toda Terra
Bom Natal seja o seu e o meu
Aleluia e glória
Ao nosso Salvador
Nasceu

Ele veio pra ser a luz das nações
E os povos despertarão
Ao soar dos sinos de Belém

Um Natal, um Natal de luz"



A vocês, meus amigos e leitores, desejo um natal repleto de paz, luz e felicidades!

abraço

Danilo

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Sintomas de pobreza

Ser pobre é...










1. Dar presente com papel das Casas Bahia.

2. Guardar sobra de material de construção em cima da laje de casa.

3. Colocar um chuveiro novo e chamar os amigos para tomar um banho.

4. Quando receber visitas, mostrar a casa inteira e ficar: Esse aqui é meu quarto... Tem um banheiro bom... Vem ver lá fora que beleza que eu fiz.

5. Decorar os vasos com flores de plásticos desidratadas e de pano.

6. Guardar o refrigerante com uma colher de café dependurada na boca para não perder o gás.

7. Usar a frigideira de casa para fazer mortadela quente.

8. Ficar discutindo com os amigos, quantas barbas da pra fazer com uma lamina de Gilete.

9. Aproveitar que foi fazer compras caras para o seu chefe e antes de voltar pra firma, passar na casa de uns amigos pra eles acharem que você tá bem de vida.

10. Botar aquele neon azul e ridículo da super máquina, no para choques do Miura.

11. Aproveitar a garrafa plástica do refrigerante para botar água na geladeira.

12. Regar as plantas de casa com panela.

13. Lavar fralda descartável com Pinho Sol.

14. Secar o tênis atrás da geladeira.

15. Levar sopa na garrafa térmica.

16. Tomar cerveja em copo de requeijão.

17. Ir em casamento com camisa de time de futebol.

18. Andar com aquela carteira profissional ensebada no bolso de trás.

19. Falar para os amigos na praia - "Quero ver se você faz isso" - e dar aquela cambalhota.

20. Esquentar a ponta da Bic pra ver se ela volta a escrever.

21. Fazer pacote com bolo e brigadeiro para entregar na saída do aniversario.

22. Andar pendurado na porta do ônibus.

23. Usar porta documentos com os dizeres: "Lula/98 sem medo de ser feliz".

24. Lamber a tampa metálica do iogurte.

25. Colocar bombril na antena da televisão.

26. Guardar resto da macarronada para fazer sopa no outro dia.

27. Colocar maio e biquíni e tomar sol na represa.

28. Correr atrás do guarda-sol na praia gritando "pega, pega!".

29. Acordar cedo no domingo pra lavar o carro antes que a água acabe.

30. Entrar de loja em loja perguntando os preços e dizer pro vendedor: "Só to dando uma olhadinha, qualquer coisa volto mais tarde".

31. Ir ao estádio de futebol, entrar pela geral, e pular para as sociais.

32. Pedir pro marido ir ao supermercado comprar pouca coisa e mandar ele trazer sacola plástica para botar lixo.

33. Decorar o muro do quintal com plantas em lata de óleo, leite em pó e tijolo.

34. Gritar pela janela do ônibus para o amigo e ele fingir que não te ouviu.

35. Fazer jogo de futebol com os times "camisa" X "sem camisa".

36. Rifar caixa de chocolate e dizer que é ação entre amigos.

37. Calçar o sofá sem perna com tijolo.

38. Ficar balançando lâmpada queimada para ver se volta a funcionar.

39. Ir pro trabalho de bicicleta, e dizer que e pra manter a forma.

40. Acender latinha com álcool dentro do box do banheiro em dia de frio.

41. Construir a calçada de casa com cacos de tijolos velhos, formando aqueles desenhos lindos.

42. Palitar dente com palito de fósforo, apontado com a faca do almoço suja de feijão.

43. Pedir pro cobrador do ônibus passar dois na roleta.

44. Pedir pro filho ficar abanando o churrasco com tampa de caixa de sapato.

45. Amarrar perna de óculos com arame.

46. Amarrar o cachorro com fio de luz.

47. Brigar com meio mundo só porque o caixa não deu o troco de 3 centavos.

48. Lamber ponta de borracha para apagar erro.

49. Usar prendedor de roupa para pendurar recado no trinco da porta.

50. Passar miolo do pão no pote de margarina e prato de macarrão e mandar para baixo.

51. Guardar caixinhas de pasta Kolynos e esperar pela promoção.

52. Colocar copo de água em baixo da cama e da mesa para as formigas não subirem.

53. Correr a casa inteira com o chinelo na mão atrás da barata.

54. Abrir tubo de pasta de dente com tesoura para aproveitar o restinho que sobrou.

55. Usar pregador de roupa para manter fechado saco de açúcar, arroz, farinha, etc.

56. Remendar coador de pano.

57. Comprar churrasquinho com vale transporte.

58. Copiar modelo inteiro da vitrine para depois fazer em casa.

59. Usar gravata colorida e com estampa de bichinhos só para dizer que e publicitário.

60. Jogar algodão na arvore de natal para dar efeito de neve.

61. Esquentar pão de 10 dias no microondas, servir para visita, e dizer: "Ta quentinho, acabei de trazer da padaria".

62. Passar cuspe ao cotovelo ressecado para amaciar.

63. Andar de carro com vidro fechado no maior calor só para pensarem que você tem ar condicionado.

64. Esperar todo mundo da casa usar o banheiro para dar descarga só uma vez.

65. Guardar sobras de sabonete para depois fazer uma bola só.

66. Usar poster de carro importado para esconder mancha de umidade na parede.

67. Em dia de chuva amarrar saco plástico em volta do sapato para não molhar.

68. Pendurar rolo de papel higiênico na parede com arame.

69. Convidar os amigos para o churrasco de seu aniversario e pedir para cada um trazer uma coisa (carvão, espeto, carne, etc.).

70. Colocar arranjo de fruta de plástico na mesa da sala.

71. Consertar tira de sandália havaiana com grampeador.

72. Mascar chicletes 3 horas seguidas ate ficar branco e sem gosto.

73. Levantar de noite com sede tomar água da pia do banheiro com a mão.

74. Usar saco de arroz Tio João para encapar material escolar dos filhos.

75. Aproveitar sobra de carpete para fazer tapete.

76. Enfeitar estante da sala com lembranças de casamento.

77. Esticar a língua para lamber o fundo do copo de iogurte.

78. Passar pomada Minancora nas espinhas e sair com a cara toda branca.

79. Tirar cadarço do sapato do pai, cortar ao meio para fazer dois para o tênis do filho.

80. Ir ao banheiro e fazer bola de papel molhado para jogar no teto.

81. Usar resto de sabão para tapar vazamento no bujão de gás.

82. Tirar cera do ouvido com chave do carro e tampa de caneta.

83. Guardar vinho velho para fazer vinagre.

84. Passar óleo queimado no cachorro para acabar com a sarna.

85. Fazer a barra da calca com fita crepe.

86. Ficar com fome durante a ponte aérea, não comer nada e levar o lanche para a esposa.

87. Subir na laje para mexer na antena e ficar gritando lá de cima: "Melhorou?".

88. Guardar cueca furada para passar cera no carro.

89. Entrar em loja de 1.99 e querer achar um presente legal.

90. Pisar em sujeira de cachorro e limpar no meio fio.

91. Pegar ônibus errado e ir ate o ponto final para não desperdiçar o dinheiro.

92. Ir ao restaurante e, antes de pedir a comida, perguntar se aceita ticket.

93. Usar o único ticket que o restaurante não aceita.

94. Ir embora do restaurante que não aceita seu ticket.


quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

When We Stand Together - Nickelback


Boa noite, meu povo!

Venho hoje compartilhar com vocês essa nova música do Nickelback, cuja mensagem é 
lindíssima! Espero que gostem! (Não coloquei a letra aqui conforme sempre faço, porque o vídeo com a música já tem tradução)

Desde já, desejo um bom fim de semana a todos!

Grande abraço

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Sentimento Intruso



Revirando meu ser, sentimento intruso
Seja bem vindo ao meu humilde coração,
Entre e deixe comigo sua essência tempestuosa,
E, quando partir, leve contigo o melhor que fui,
E o melhor que eu pude ser.

Quem dera poder não ser tão desavisado,
Descobrir um meio de trancar o coração sofrido que pulsa em meu peito,
Para que, ouvindo teus passos, não precisasse fugir
Buscar refúgio nas profundezas do meu ser,
Estar oculto, em mim mesmo entrincheirado.

Oh amor, ingrato amor, por que apareces desse modo, sem aviso?
Achando-me sempre assim despreparado,
Zombando de minha dor,
Dizendo que amar é inevitável,
Que amar é preciso?

Dolorosa dependência de outra criatura,
Alguém cujo coração trabalhe no mesmo ritmo do meu
E por mais que saiba que sua essência é pura,
Oh amor, por teu veneno doce e puro,
Mais de um coração já morreu.

Danilo Alex da Silva

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Soneto de Fidelidade




De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


                                 Vinícius de Moraes


Bom fim de semana, galera!


abraço



quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O Paraíso Perdido - Canto VI (Trecho)

"De Satã os exércitos unidos:
Eriçam-se sem conta as duras lanças,
Cerram-se os elmos, e os escudos mostram
Jactanciosos emblemas insculpidos:
Lá se apressam com fúria, imaginando
Que nesse dia, por astúcia ou força,
A montanha de Deus conquistariam,
E que da Onipotência imensurável
O invejoso rival, o êmulo altivo,
Se assentaria no supremo trono;
Mas em meio caminho os seus projetos
Descobriram-se logo írritos, loucos.
Ao primo intuito nos parece estranho
Que anjos, opondo-se em feroz batalha,
Uns contra os outros férvidos se arrojem, —
Eles que tão unânimes soíam,
Como filhos de excelso potentado,
Em festins de prazer e amor unir-se,
Ao Sempiterno Pai hinos cantando:
Mas idéias de paz, brandos projetos.
Evaporam-se, assim que brama e troa
O alarma temeroso, a voz de assalto.
O apóstata, do exército no centro,
Monta um coche que o Sol no brilho iguala:
Entre ígneos querubins e escudos de ouro
Tal porte ostenta que simula o Eterno.
Assim que estreito e pavoroso espaço
Entre ambos os exércitos avista,
Que fronte a fronte mútuos se alardeiam
Terríveis massas de extensão medonha,
Desce Satã do sublimado sólio;
E, com passo avançando altivo e vasto,
Todo fulgindo de brilhantes e ouro,
Nos mais altos projetos engolfado,
Vai logo pôr-se à frente das colunas
Onde mais p’rigos proporciona a guerra.
Abdiel, que das ações as mais ilustres
Sempre se adorna e que de heróis se cerca,
Encara-o, — e, cheio de insofrida fúria,
Idéias tais no coração rumina:
— “Ó Céus! Como do Altíssimo o transunto
“Existe onde a pureza e a fé já faltam?
“Como, depois da perda das virtudes,
“Inda resta valor, potente heroísmo?
“E como é crível que o mais fraco possa
“Parecer de invencível valentia?
“Eu, confiado de Deus no auxílio ingente,
“Vou essas forças debelar, eu que ontem
“Suas razões provei fúteis e falsas.
“Justo é que vença, quando a espada empunha,
“Quem venceu defendendo a sua verdade, —
“Num e noutro conflito obtenha os louros,
“Não obstante da inveja o estorvo infame,
“Quando a razão recorre urgente às armas
“Contra as armas que alçou fera injustiça,
“Deve sempre a razão cantar vitória.”
Assim, pensando, avança da coluna
Contra o inimigo audaz que em campo o espera
Por essa prevenção embravecido.
Desta maneira impávido o provoca:
— “Soberbo, então achei-te? O fito punhas
“Em chegar, sem que alguém te urdisse estorvos
“Às alturas que fero ambicionavas,
“Do imensurável Deus ao lado, ao trono
“Que abandonados e indefensos crias
“Só pelo medo, difundido ao longe,
“De tuas forças, da eloqüência tua;
“Louco! sem distinguir fútil a empresa
“De contra o Onipotente pôr-se em armas!
“Ele que pode, co’o mais leve aceno,
“Criar, armar exércitos infindos,
“Que tua audaz insânia aniquilassem, —
“Ou de um só golpe e só coa destra sua,
“Que além se estende dos limites todos,
“Exterminar-te a ti, tuas falanges,
“E no Orco tenebroso submergir-vos!
“Mas vês que o teu pendão nem todos seguem:
“Milhões de anjos ali, que o Eterno adoram,
“Preferem da piedade o fiel partido:
“Porém vê-los teus olhos não puderam
“Quando eu a sós, de todos discordando,
“Combati sabedor teus vãos sofismas.
“Eis minha crença: Vê, posto que tarde,
“Que às vezes poucos acertar conseguem
“Enquanto muitos mil no erro se engolfam.”
Assim o arqu’inimigo lhe responde,
Com ar de mofa, e de través olhando:
— “Por teu mau fado, investes tu primeiro,
“Quando me abraso na ânsia de vingar-me!
“Já voltas da fugida, anjo rebelde?
“Vem, toma os prêmios que o dever te outorga
“Como primícias deste braço justo
“Por tua insana língua provocado,
“Ousando sediciosa, em cúria plena,
“Opor-se ao terço dos sublimes Numes
“Que ilesa em si a divindade querem.
“Enquanto os animar divino alento,
“Ninguém de Onipotente há de jactar-se.
“Sei que dos sócios teus certo te adiantas
“Para te ornares do meu amplo espólio,
“E demonstrares às coortes minhas
“Os seus desastres na vitória tua.
“Pois bem: mas quero que entretanto me ouças,
“E nem te gabes que ao silêncio me urges.
“Sempre julguei que Céu e liberdade
“Eram comuns a todo o empíreo Nume:
“Vejo agora porém que hórrida inércia
“A todos esses constitui escravos
“Que tão armados me apresentas hoje,
“Da música e festins ao gozo entregues,
“Do Céu serventes vis, histriões, comparsas.
“Por que demência tão risível cuidas
“Que a liberdade ao servilismo ceda?
“Ambos se hão de mostrar no dia de hoje.”
Logo Abdiel desabrido assim lhe torna:
— “Apóstata, prossegues sempre no erro;
“Afastado da viela da verdade
“Nem mesmo do erro te eximir procuras:
“Manchas da escravidão co’o injusto nome
“A obediência que todos tributamos
“A Deus, à Natureza, sempre acordes.
“Quem pode mais e se avantaja em tudo,
“Inevitáveis leis aos outros dita:
“De Deus, da Natureza, eis o diploma;
“Eis à nossa obediência o jus supremo.
“É sim escravo o que obedece ao louco
“Que contra o que mais pode se rebela:
“Tais são os teus agora a ti submissos,
“A ti não livre, de ti mesmo escravo,
“E que não coras por atroz malícia,
“De nossos ministérios exprobrar-nos.
“Lá tens teus reinos no Orco, impera neles:
“No Céu eu sou feliz servindo o Eterno,
“Obedecendo a seus divinos mandos
“Que têm supremo jus a ser cumpridos:
“No Orco, de cetro em vez, grilhões te aguardam.
“No entanto, pois que da fugida volto
“Por meu mau fado, como agora dizes,
“Recebe na ímpia fronte este tributo.”
Disse. E do alto vibrou um talho heróico
Que, pronto como o raio, cai em peso
No elmo orgulhoso do feroz imigo
Sem que ele possa co’o tremendo escudo,
Coa vista perspicaz, co’o ardente gênio,
Prever, desviar a furibunda ruína.
Passos recua dez Satã enormes;
Sobre um curvado joelho então caindo,
Pôde a metade interceptar da queda
Na lança robustíssima apoiado
(Assim do seio do terráqueo globo
Rompendo um pé de vento ou peso de águas,
Tudo arrombando que por diante encontram,
Batem num monte e lhe deslocam parte
Que com todo o arvoredo se submerge).
De espanto se enchem os rebeldes tronos;
Mas dobram de ira ao ver com tanto insulto
O seu mais alto chefe enxovalhado.
Nisto o exército nosso rompe em vivas,
Exulta, quer vencer, pede a batalha.
Eis manda troar Miguel a empírea tuba
Que na amplidão dos Céus ribomba e brama,
E ao Altíssimo logo o Hosana augusto
Entoam fiéis as celestiais falanges.
Não pasma o imigo, e requintando a fúria
Com choque horrendo sobre nós se atira:
Tal bramido então ruge e tal estrondo,
Como jamais se ouviu dos Céus no espaço:
Com feroz confusão tinem, retinem
Umas contra outras férvidas as armas,
E hórridas rangem das carroças brônzeas
As arrojadas rodas furibundas;
Rechinam as descargas flamejantes
De ígneos dardos que inúmeros cobriam
Todo o Céu co’uma abóbada de fogo.
Espantoso terror se difundia
Do estampido e prospecto da batalha.
Com ímpeto e furor inextinguíveis
Os exércitos dois mútuo se assaltam.
Todo o âmbito dos Céus troa e retumba, —
E, se o Mundo formado então já fora,
Em seus eixos tremera inteiro o Mundo"


(John Milton)



quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Marília de Dirceu - Lira II

Pintam, Marília, os Poetas
A um menino vendado,
Com uma aljava de setas,
Arco empunhado na mão;
Ligeiras asas nos ombros,
O tenro corpo despido,
E de Amor, ou de Cupido
São os nomes, que lhe dão.

Porém eu, Marília, nego,
Que assim seja Amor; pois ele
Nem é moço, nem é cego,
Nem setas, nem asas tem.
Ora pois, eu vou formar-lhe
Um retrato mais perfeito,
Que ele já feriu meu peito;
Por isso o conheço bem.

Os seus compridos cabelos,
Que sobre as costas ondeiam,
São que os de Apolo mais belos;
Mas de loura cor não são.
Têm a cor da negra noite;
E com o branco do rosto
Fazem, Marília, um composto
Da mais formosa união.

Tem redonda, e lisa testa,
Arqueadas sobrancelhas;
A voz meiga, a vista honesta,
E seus olhos são uns sóis.
Aqui vence Amor ao Céu,
Que no dia luminoso
O Céu tem um Sol formoso,
E o travesso Amor tem dois.

Na sua face mimosa,
Marília, estão misturadas
Purpúreas folhas de rosa,
Brancas folhas de jasmim.
Dos rubins mais preciosos
Os seus beiços são formados;
Os seus dentes delicados
São pedaços de marfim.

Mal vi seu rosto perfeito
Dei logo um suspiro, e ele
Conheceu haver-me feito
Estrago no coração.
Punha em mim os olhos, quando
Entendia eu não olhava:
Vendo o que via, baixav
A modesta vista ao chão.

Chamei-lhe um dia formoso:
Ele, ouvindo os seus louvores,
Com um gesto desdenhoso
Se sorriu, e não falou.
Pintei-lhe outra vez o estado,
Em que estava esta alma posta;
Não me deu também resposta,
Constrangeu-se, e suspirou.

Conheço os sinais, e logo
Animado de esperança,
Busco dar um desafogo
Ao cansado coração.
Pego em teus dedos nevados,
E querendo dar-lhe um beijo,
Cobriu-se todo de pejo,
E fugiu-me com a mão.

Tu, Marília, agora vendo
De Amor o lindo retrato,
Contigo estarás dizendo,
Que é este o retrato teu.
Sim, Marília, a cópia é tua,
Que Cupido é Deus suposto:
Se há Cupido, é só teu rosto,
Que ele foi quem me venceu. 

(Tomás Antônio Gonzaga - Poeta da Inconfidência Mineira)


terça-feira, 8 de novembro de 2011

Lobo em pele de cordeiro

Um dia, o lobo teve a idéia de mudar sua aparência para conseguir comida de uma forma mais fácil. Então, vestiu uma pele de cordeiro e saiu para pastar com o resto do rebanho, despistando totalmente o pastor. Para sua sorte, ao entardecer, foi levado junto com todo o rebanho para um celeiro. Durante a noite, o pastor foi buscar um pouco de carne para o dia seguinte. Chegando no celeiro, puxou a primeira ovelha que encontrou. Era o lobo fingindo ser um cordeiro.

Moral da História:
Sempre que enganamos os outros, pagamos pelo nosso erro logo em seguida.

Esopo



terça-feira, 1 de novembro de 2011

Mais uma vitória!

Boa noite, galera! Gostaria de, nessa abençoada véspera de feriado, 
compartilhar com vocês mais uma vitória que Deus me concedeu esse ano, em se tratando 
do início da minha caminhada como futuro escritor. Meu poema "Tão bom quanto", postado nesse blog, foi selecionado para uma antologia bilíngue, a qual será lançada no Brasil e no México.
Meus agradecimentos a todos os amigos leitores do blog, e todos que acreditam em mim como o aprendiz de escritor que sou. rsrsrs


Abaixo seguem meu certificado de participação no livro e o Booktrailler da antologia







Ressalto com orgulho que minhas amigas Nivea Sabino e Lu de Farias participam juntamente comigo desta antologia. Muito obrigado especialmente à nossa querida Comendadora Izabelle Valladares, organizadora dona desta maravilhosa iniciativa que dá oportunidade aos novos escritores de mostrar seu trabalho. 



"Nunca desista dos seus sonhos" (Augusto Cury)

"Jamais desista daquilo que você realmente quer fazer. A pessoa que tem grandes sonhos é mais forte do que aquela que possui todos os fatos" (H.Jackson Brown)



Ótimo feriado a todos e boa semana!

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Eu sou


"Eu sou os livros que leio, os lugares que conheço, as pessoas que amo.

Eu sou as orações que faço, as cartas que recebo, os sonhos que tenho.

Eu sou as decepções por que passei, as pessoas que perdi, as dificuldades que
superei.

Eu sou as coisas que descobri, as lições que aprendi, os amigos que encontrei.

Eu sou os pedaços de mim que levaram, os pedaços de alguns que ficaram, as
memórias que trago.

Eu sou as cores que gosto, os perfumes que uso, as músicas que ouço.

Eu sou os beijos que dei, sou aquilo que deixei e aquilo que escolhi.

Eu sou cada sorriso que abri, cada lágrima que caiu, cada vez que menti.

Eu sou cada um dos meus erros, cada perdão que não soube dar, cada palavra que
calei.

Eu sou cada conquista alcançada, cada emoção controlada, cada laço que criei.

Eu sou cada promessa cumprida, cada calúnia sofrida, a indiferença que se
formou.

Eu sou o braço que poucas vezes torceu, a mão que muitas outras se estendeu, a
boca que não se calou.

Eu sou as lembranças que tenho, os objetivos que traço, as mudanças que
sofrerei.

Eu sou a infância que tive, sou a fé que carrego e o destino que
reinventei."


Autor Desconhecido

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Múmias - Renato Russo e Biquíni Cavadão


Bem aventurados sejam
Aqueles que amam
Essa desordem
Nós viemos a reboque
Este mundo
É um grande choque
Mas não somos desse mundo
De cidades em torrente
De pessoas em corrente...
Errar não é humano
Depende de quem erra
Esperamos pela vida
Vivendo só de guerra...(4x)
Viemos preparados
Prá almoçar soldados
Chegamos atrasados
Sumiram com a cidade
Antes de nós
Mesmo assim
Basta esquecê-la
No outro dia
Transformando em lataria
Tudo que estiver
Ao nosso alcance...
Errar não é humano
Depende de quem erra
Esperamos pela vida
Vivendo só de guerra...(4x)
Chega de marra
Chega de farra
Chega de guerra
Quem nunca falha
Fala, erra
Sorte, joga
A primeira pedra
Aqui na terra
Bicho que pega
Fica violento
Meu raciocínio
Transformado
Em racionamento
Só que talento
É minha forma
De reprodução
Corta câmera, corta luz
Que eu continuo em ação
Aproveitando
Nossa liberdade de expressão
Renato Russo, eu, Suave
E o Biquini Cavadão...
Bem aventurados sejam
Os senhores do progresso
Oooooohhhhhhhhhhhhhhh!!
Esses senhores do regresso...
Errar não é humano
Depende de quem erra
Esperamos pela vida
Vivendo só de guerra...(4x)
Vivendo só de guerra
Vivendo só de guerra
Viemos espalhar discórdia
Esperamos pela vida
Vivendo só de guerra
Conquistar muitas vitórias
Esperamos pela vida
Vivendo só de guerra
Conquistar muitas derrotas
Esperamos pela vida
Vivendo só de guerra
Esperamos pela vida
Vivendo só de guerra...


Olá, galera!
Linda música pra gente começar bem a semana, refletindo um pouco!
Canção relativamente antiga, mas letra totalmente atual...

Boa semana a todos!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O Confronto dos Sóis - Parte Final

Os anjos lutavam muito rápido, voando em círculos sob o temporal. Era como ver um raio enfrentar uma coluna flutuante de fogo. Atacar e defender. Avançar e recuar. Uma batalha horrenda sendo travada em uma das principais vias da cidade de São Paulo. Enquanto o combate se desenrolava, o vento rugia como nunca antes foi visto. Furiosamente arrastava o que viesse pela frente: latas de lixo, bicicletas, guarda-sóis, mesas de bar, animais, pessoas. Até alguns carros estavam sendo arrastados pela ventania sobrenatural. A água caia obliquamente e com violência sobre carros estacionados, rapidamente alagando ruas, parando o trânsito. A natureza, controlada pelos poderes angélicos de Raguel, estava mergulhando a cidade em um caos bem maior do que o normal.
No ar, a luta acontecia. Miguel se esquivou de um golpe desferido de cima para baixo, que muito provavelmente o partiria ao meio se o atingisse. Já vira Raguel combatendo antes. E testemunhara o estrago produzido pela Ira Dei. Girando o corpo e farfalhando as asas brancas encharcadas, o general do Céu, ao mesmo tempo em que fugia do golpe inimigo, utilizou o impulso de seu próprio giro e desfechou uma estocada vertical com toda a sua força, com toda a potência de sua arma. Raguel se defendeu, mas o impacto o lançou para longe, projetando-o brutalmente contra o prédio mais próximo. Isso fez com que perdesse o controle do vôo por pouquíssimos segundos, mas tempo suficiente para o contra-ataque de Miguel. O arcanjo prateado ricocheteou ao bater contra o edifício e, desgovernado, sendo expelido para longe, tentava ao mesmo tempo, desfraldar as asas e erguer a espada. No meio de sua trajetória seu corpo encontrou a Flamígera em riste. A lâmina flamejante perfurou a armadura prateada e penetrou a carne angelical do estômago de Raguel, ferindo-o e cauterizando-o concomitantemente.
Com um gemido, o arcanjo viu-se traspassado pela arma do irmão e estremeceu. Um filete de sangue azulado escorreu pelo canto de sua boca. Suas asas penderam no mesmo instante, murchas. Um zumbido estridente rasgou o ar e um jato de luz vazava do ferimento mortal, enquanto sua aura enfraquecia tão rapidamente quanto a vida que se esvaía. A Ira Dei escapou de seus dedos.
- Me perdoe, irmão. – disse Miguel de modo angustiado. Em seguida, puxou de volta sua espada de fogo, retirando-a do corpo angelical agonizante à sua frente.
Raguel então, como um pássaro ferido, precipitou das alturas e atingiu o solo de modo pesado e ruidoso. A espada Ira Dei caiu um instante antes dele, produzindo um ruído metálico rascante. O arcanjo jazeu tragicamente no meio da rua encharcada, meio imerso em uma poça de água; suas belas asas, prateadas e majestosas, servindo agora como mortalha tétrica. Tossia sangue azul em seus últimos momentos. As luzes dos postes nas proximidades queimaram e se arrebentaram. A tempestade urrava ao redor do arcanjo semimorto e o vento feroz lamentava a derrota de seu senhor.
Miguel pousou junto dele. Seu olhar era infinitamente triste. Contemplou as feições do irmão assolado por espasmos de dor. Ergueu repentinamente a espada e preparou-se para assestar o último golpe, aquele que chamamos de golpe de misericórdia. Entretanto, não pode desferi-lo. Alguém extremamente poderoso havia congelado o tempo. Miguel parecia uma estátua translúcida com a espada erguida acima da cabeça gloriosa, fitando o ensaguentado oponente tombado a seus pés. Aquele que havia parado o tempo era o único que podia se mover. Todo o cenário estava paralisado: os pingos de chuva estavam imóveis, oblíquos, em pleno ar frio da noite. Árvores tinham suas copas curvadas pela ação do vento, e assim se achavam naquele momento, como que petrificadas. O raio que riscava o nebuloso céu negro lá estava, parado, como uma serpente elétrica atravessando as nuvens. Pessoas inertes, como bonecos de cera, como um bando de adultos brincando de estátua. Os relógios parados. A própria Terra imóvel em seu eixo. Aquele ente poderoso a ponto de controlar o tempo, se aproximou sem pressa do par de arcanjos imobilizados. Vinha chapinhando na água da chuva, também estagnada e isso parecia diverti-lo.
Embora sem poder se mover, Miguel conseguiu enxergar o novo personagem. Não, aquele não era o Senhor Todo Poderoso. Era alguém a quem Miguel não via há muitas eras. Alguém que abandonara o Céu inúmeros éons antes. Ele naquele momento assumira a forma de um garotinho mortal loiro e sardento, de aproximadamente dez anos. Porém, seu rosto resplandecia indescritivelmente e seus olhos se assemelhavam a duas tochas. Estava em trajes modernos: camiseta, jeans e tênis. Sua aura poderosíssima emanava de seu pseudo corpo de infante. Não tinha asas aparentemente, mas, quando a luz do relâmpago congelado no céu o atingia, projetava no chão molhado sua sombra: e ela não tinha a forma de um garotinho mortal, mas a de um ser alto, esbelto e alado. O menino se aproximou e estacou diante de Miguel, com uma expressão séria no rosto inocente.
- Izakael... - disse Miguel em pensamento, estupefato.
Como se pudesse ouvi-lo, o garoto o mirou e sorriu. Estendeu a mão macia e afagou o rosto do general do Céu. Depois, agachou-se junto de Raguel e tocou o local ferido. A regeneração foi imediata e o machucado desapareceu como se nunca tivesse existido. O sangue também desaparecera e a aura do arcanjo da justiça divina brilhava intensamente mais uma vez.
- Meu lugar é aqui, meus amados. – disse o garoto com uma voz doce, mas sobrenatural. – O de vocês é ao lado de nosso Pai, na cúpula celeste. Já brigaram o bastante por minha causa. Chega.
Dito isto, um halo desceu do céu negro, fendendo as nuvens. A luz intensa envolveu Miguel e Raguel, e eles se viram rapidamente abduzidos por ela.
- Um dia nos reencontraremos. – disse o garotinho pensativamente.
Então, ele estalou os dedos e o tempo voltou a correr naturalmente na mesma hora. Quanto ao menino, afastou-se saltando alegremente nas poças d’água, enquanto a vida fluía novamente ao seu redor, e a tempestade se dissipava tão repentina e extraordinariamente quanto começara.

No dia seguinte, em todos os veículos da mídia noticiava-se a estranha tempestade da tarde anterior e suas conseqüências. Felizmente ninguém se ferira seriamente.
Vejamos o que dizia o telejornal de uma emissora bastante conhecida:
“– Você tem agora imagens da Avenida Paulista, um dos locais mais afetados pela misteriosa tempestade de ontem – dizia a bela repórter, extremamente séria – Os meteorologistas estão em polvorosa, pois não havia sinal de tempestade prevista para ontem, muito menos dos ventos que varreram a rua a quase 100 km/h. Vamos entrevistar agora esse cidadão, o qual afirma ter uma revelação surpreendente sobre o temporal de ontem.”
Nesse ponto a câmera deu um close no rosto grave de um empresário muito bem vestido, cuja expressão denotava sua confusão mental naquele momento. Com o microfone diante da boca, o homem disse, muito pálido:
- “Ontem deixei meu carro estacionado em frente ao prédio onde trabalho. Após o temporal, percebi que tinha desaparecido. Naturalmente dei parte à polícia, julgando ter sido roubado. Hoje de manhã recebi a ligação de um bombeiro me dizendo que tinham encontrado meu carro. Neste momento há um helicóptero e uma grua trabalhando para retirar o meu automóvel do sexto andar do prédio vizinho ao que eu trabalho. O carro simplesmente estava encravado no escritório de um amigo meu, tendo entrado pela janela. Veja bem, não era um Fusca; era um Ford Fusion preto. Ainda não consigo acreditar nisso. Como ele foi parar lá?”
A resposta para esse enigma estava no próprio vídeo, embora sutilmente. Enquanto esse empresário fornecia seu fantástico depoimento, do outro lado da rua havia um bar. Na hora em que a entrevista foi gravada, o som desse bar estava ligado em um volume considerável. Saindo de um possante par de caixas de som, a voz de Cássia Eller cantava, acompanhada por um violão muito bem tocado:


-“Eu só queria te contar
Que eu fui lá fora
E vi dois sóis num dia
E a vida que ardia sem explicação 

Não tem explicação 

Explicação não tem, não tem.” 



Fim


É isso ai, galera! Espero que tenham gostado do texto. Gosto demais de temas sobrenaturais, principalmente vampiros e anjos. Então, quis compartilhar essa minha paixão com vocês, por meio deste conto.
Pelo visto, estou mesmo sem moral: ninguém deixou comentário! :(    rsrsrsrs
Obrigado pelo carinho de sempre, meu povo!

Abraços e

Até a próxima!

Danilo Alex da Silva