Gabriel estava lívido.
Ouviu quando disseram perto de si:
- Pobre homem! Alguém precisa fazer alguma coisa... – e a pessoa que dissera isso olhou ao redor, como que procurando entre os presentes alguém que pudesse prestar o auxílio que o desconhecido no chão carecia. Esse foi o estopim para o jovem.
Entre os curiosos havia uma pessoa que podia salvar aquela vítima de infarto. Gabriel Fontes participara do Escotismo dos sete aos doze anos de idade. Resolutamente abriu espaço entre a multidão exigindo:
- Afastem-se, ele precisa respirar!
Agachou-se junto do homem que se debatia, ao mesmo tempo em que tirava sua própria mochila das costas. Colocou-a sob o pescoço do homem que se contorcia, para evitar que ele continuasse batendo a cabeça no chão. Depois, olhou para um rapaz que estava perto dele e perguntou:
- Já chamaram um médico?
- Bem, eu não sei...
- Chame uma ambulância, rápido! – disse o jovem estagiário de administração.
- Mas é que eu... – e o rapaz se calou diante do olhar de Gabriel, que disse com energia:
- Se você não buscar ajuda médica agora, esse homem vai morrer bem aqui.
Enquanto o rapaz saía correndo para trazer ajuda, Gabriel tentou escutar o coração e a respiração da vítima, encostando o ouvido em seu peito. Apavorado, percebeu que a pulsação estava muito fraca, e o homem respirava com dificuldade. Imediatamente Gabriel abriu a camisa do desconhecido e começou a fazer a massagem cardíaca que aprendera nos tempos de escoteiro, e que às vezes, em casa, precisava aplicar no pai. Colocou uma mão aberta sobre a outra, apoiou-a no peito do homem e começou a pressionar, contando minuciosamente, bombeando como fariam os aparelhos usados pela equipe de primeiros socorros. Fazia pequenas pausas, tapava o nariz do homem e soprava ar quente em sua boca, para que ajudasse a oxigenar, estimulasse seus pulmões que estavam falhando, juntamente com o coração.
Continua...
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