segunda-feira, 26 de março de 2012

O Renegado - O Caminho para a vingança - Parte I


"Um criminoso perseguindo criminosos, Um fugitivo na noite
Sob a luz radiante ele atacará
Aquele que procura todos os perigos Veio receber seu pagamento
Da calada da noite ele irá surgir"

(Renegade - Hammerfall)


Naquela tarde, quando o velho Larry Parker fitou o céu azul anil, soube de imediato que algo não estava certo. O céu acima de Conquest City, pincelado por esparsas e pachorrentas nuvens brancas como algodão, era atravessado naquele momento por uma revoada barulhenta de asas negras e indesejáveis.

- Corvos! – rosnou Larry com uma careta de indisfarçável desagrado.

Ao longo de seus cinqüenta e nove anos de vida, o velho Larry, proprietário do saloon Night Train, que era o único estabelecimento desse gênero na cidade, havia aprendido que corvos são bichos agourentos. Quando eles apareciam, era sinal de má sorte, no mínimo. Muitas vezes traziam consigo um prenúncio de morte. Larry lera em algum lugar que, na Europa medieval, as bruxas transferiam suas almas para os corvos quando seus corpos humanos eram destruídos.

A senhora Parker tinha uma amiga chamada Donna Mathison. Misters Mathison era uma viúva carola, que, quando não estava enfurnada na igreja, vivia entrincheirada na casa do velho Larry. Logo, era compreensível que o dono do saloon não simpatizasse muito com ela. Apesar das diferenças, em pelo menos uma coisa Larry Parker e Donna Mathison concordavam, porque ela também sentia imensa aversão por corvos.

Segundo ela, um corvo havia pousado na cruz de um dos bandidos crucificados com Cristo e, como o malfeitor não cessasse de blasfemar contra o Senhor, a repugnante ave lhe bicara os olhos.

Para aumentar o desgosto do velho Larry, ao invés de prosseguir seu caminho, os corvos passaram a voar em círculos sobre Conquest City, e então iniciaram uma espécie de pouso coletivo. Muitos aterrissaram sobre o telhado da varanda de seu saloon. Alguns se detiveram sobre a grande caixa d’água de madeira que ficava no telhado, entre o saloon, a barbearia e o escritório do xerife. Outros foram alojar-se nos fios do telégrafo, do outro lado da larga e empoeirada rua. Enojado, Larry muniu-se de uma vassoura e apressou-se a golpear com ela o telhado inclinado da varanda de seu estabelecimento, tentando enxotar os pássaros dali.

John Baldard, o banqueiro de Conquest City, que passava pelo local naquele instante, deteve-se por um instante e contemplou a hilária cena. Dando uma sonora gargalhada, interpelou o dono do saloon, que era seu amigo:

- Que se passa, caro Larry? O que as pobres aves fizeram a você, para querer acertá-las desse jeito?

- Pobres aves uma ova! – grunhiu Larry mal-humorado, arfante, enquanto desferia vassouradas incessantemente contra as gralhas que pareciam mal notar sua presença, e permaneciam tranqüilas sobre a varanda – Mensageiros do diabo, é o que eles são!

- Não seja supersticioso, homem. – disse John sorrindo, e completou – São apenas inofensivos corvos. Um bando deles que, como quaisquer outros pássaros, estão migrando para o sul, exatamente como todos os anos.

- Pode ser isso para você, John. Quanto a mim, nada me tira da cabeça que são diabinhos com penas pretas como a noite, anunciando tragédias. Nunca vi nada de bom acontecer em um lugar por onde passasse um bando de corvos como esse aí.

- Às vezes, o que a crença popular toma como mau presságio pode ser o contrário na realidade, Larry. Talvez a presença dos corvos de algum modo indique a proximidade das chuvas que os nossos rancheiros tanto precisam.

- Não estou louco, John. Já vi pessoas conhecidas morrerem depois da aparição de gralhas. Elas definitivamente são aviso de morte. Se gosta tanto delas, deixe-as infestar o telhado do seu Banco. Eu odeio esses bichos malditos, e vou expulsá-los do meu teto a todo custo.

Com um rugido, Larry agitou o punho fechado no ar, como se esconjurasse as aves que, para ele, eram malignas.

Como em resposta, um dos corvos moveu a cabecinha preta asquerosa e o fitou. As penas, lustrosas e negras como a noite que se avizinhava, reluziam sob o sol da tarde que findava. Os olhinhos miúdos e atentos da ave fixaram-se na figura do velho que esbravejava alguns metros abaixo, de pé, na rua. Como em desafio, o corvo abriu o bico e crocitou. O som, abominável aos ouvidos de Larry, fez com que ele estremecesse de asco e apreensão. John riu-se novamente, e dessa vez foi acompanhado pelos passantes que tinham parado na rua para observar a cena. Unindo-se ao primeiro, um segundo corvo abriu o bico e seu grasnado metálico também cortou o ar quente da tarde. Em seguida, acrescentou-se mais um crocitar, e logo vários corvos estavam, em uníssono, fazendo estardalhaço.

Vendo-se derrotado e largando a vassoura, Larry tapou os ouvidos com as mãos para se defender da gritaria infernal e funesta dos corvos. E assim, sob o crocitar sombrio das aves e as gargalhadas dos presentes, o velho marchou para dentro do seu saloon, o Night Train, que dentro em pouco estaria repleto de clientes.

Apesar de não ter sido levado a sério, Larry Parker tinha razão. Os corvos estavam ali como arautos da morte que se aproximava.

E a morte vinha literalmente a cavalo para Conquest City.



Danilo Alex
 

Fala, meu povo! Conto que comecei a escrever hoje! Espero que gostem.
Assim que escrever a segunda parte, postarei aqui para vocês.
Boa semana a todos!

Forte abraço

Danilo Alex

8 comentários:

  1. cadê o curtir aqui???
    kkkkkkkkkkkk
    muito bom!!
    Esperando a 2ª parte...

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  2. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    Arielly, muito obrigado, minha querida!

    Muito bom ter você com leitora dos meus rabiscos! rrsrsrs

    Volte sempre!

    Em breve haverá a 2ª parte.
    Bjos

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  3. Eu que te agradeço por escrever pra gente!!!
    rsrsrsrs
    Bjooos...

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  4. kkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    Imagina, Arielly!

    É sempre um prazer escrever para vocês. Poucas coisas são tão gratificantes para um autor quanto saber que os leitores estão se divertindo com a história e os personagens.


    Bjooos

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    Respostas
    1. Awn!! rsrsrrsrs
      Continue assim, tá cada dia melhor!!!
      bjoos...

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  5. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    Obrigado, Arielly!

    Devo muito ao apoio de vocês, ele que tem me impelido a escrever.


    Bjooos

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  6. poxa bacana meu amigo tenho certeza que o brasil esta vendo nascer um grande escritor parabéns

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  7. Grande Michael, meu brother!

    Muito obrigado, cara! Fico feliz demais que tenha gostado!

    Obrigado pela visita, volte sempre.

    O Renegado ainda tem muitas aventuras para você curtir. rsrsrs


    Forte abraço!

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